terça-feira, 19 de abril de 2011

O Sussurro do Coração

Um dia, um pensador indiano fez a seguinte pergunta a seus discípulos:

- Por que as pessoas gritam quando estão aborrecidas?
- Gritamos porque perdemos a calma, disse um deles.
- Mas, por que gritar quando a outra pessoa está ao seu lado? - questionou novamente o pensador.
- Bem, gritamos porque desejamos que a outra pessoa nos ouça, retrucou outro discípulo.

E o mestre volta a perguntar:

- Então não é possível falar-lhe em voz baixa?
- Várias outras respostas surgiram, mas nenhuma convenceu o pensador.

Então ele esclareceu:
- Vocês sabem por que se grita com uma pessoa quando se está aborrecido? O fato é que, quando duas pessoas estão aborrecidas, seus corações se afastam muito. Para cobrir esta distância precisam gritar para poderem escutar-se mutuamente. Quanto mais aborrecidas estiverem, mais forte terão que gritar para ouvir um ao outro, através da grande distância.

Por outro lado, o que sucede quando duas pessoas estão enamoradas? Elas não gritam. Falam suavemente. E por quê?

Porque seus corações estão muito perto. A distância entre elas é pequena. Às vezes estão tão próximos seus corações, que nem falam, somente sussurram.

E quando o amor é mais intenso, não necessitam sequer sussurrar, apenas se olham, e basta. Seus corações se entendem.

É isso que acontece quando duas pessoas que se amam estão próximas.
 Por fim, o pensador conclui, dizendo:

- Quando vocês discutirem, não deixe que seus corações se afastem, não digam palavras que os distanciem mais, pois chegará um dia em que a distância será tanta que não mais encontrarão o caminho de volta.

Mahatma Gandhi


Esta é uma grande verdade, mas a maioria das pessoas teima em não se perceberem como causadores de suas próprias dores, ou seja, sempre responsabilizam o outro pela distancia, pela intolerância e pela intransigência. Sem se dar conta de que quando um não quer... dois não brigam.

Desta forma, mesmo que outro esteja numa fase ruim, chateados conosco, nos tratando de forma áspera e grosseira, mesmo assim, podemos nos posicionar de forma a estabelecer condições pra nos entendermos.

As mágoas, diferenças e distancia só se fazem aumentar quando não abrimos nosso relacionamento para o dialogo sincero, mas com respeito e acima de tudo com o propósito de ouvir e compreender o outro.

Mesmo em casos críticos onde o relacionamento está bastante desgastado, é importante que se converse de coração pra coração, pois somente assim perceberemos o que ainda existe entre as pessoas.

Muitas vezes, podemos ter grandes surpresas ao ouvir o que o outro tem pra nos dizer e também ao falar o que nos vai à alma.

Muitos relacionamentos entram em crise e até terminam pelo simples fato das pessoas não se conhecerem mais, não se sentirem, não se ouvirem, passam a serem dois estranhos.

Vivem juntos, mas perderam a intimidade... Intimidade de alma, ideais, sonhos... E nestes casos, se ainda há amor, carinho, amizade, é possível resgatar a cumplicidade e o companheirismo.

E ao fazer este balanço, abrindo o coração ao outro, caso se descubra que o sentimento já não é o mesmo, que os dois, ou apenas um já não sente o mesmo amor de antes, também neste caso, será melhor que se falem e decidam o que fazer em comum acordo, pra que as feridas possam ser menores.

Afinal, um término de relação, quando é uma decisão unilateral sempre gera dor e mágoa, por isto, quanto antes se resolverem menos atrito e agressões ocorrerão.

E creiam que muitas vezes o fim não era eminente, ele só se concretizou devido a distancia que surgiu e que foi fermentada, por orgulho, por expectativa, ou por omissão.

Esperamos sempre que o outro nos compreenda, que adivinhem o que queremos e que se coloque a disposição de nossas vontades. Em contrapartida, ele também espera isto de nós.

Desta forma, ao invés de um jogo claro, limpo, sincero, fica um joguete de cobranças e mágoas quando o outro não percebe o que esperávamos que ele fizessem, e então ressentidos, também não nos esforçamos para perceber o que ele espera de nós, e também não correspondemos a suas expectativas, frustando-o.

Os relacionamentos entre casais ou mesmo de amizade, não devem ser baseados em servilismo, ninguém tem que fazer nada para ninguém. Mesmo havendo amor sincero. O amor nutre a alma, e tudo que façamos por quem amamos deve ser espontâneo, e não obrigação. Não podemos depender do outro pra ser feliz e satisfazer nossos anseios. Devemos ser plenos, completos, nos amar e realizar por nós o que queremos e precisamos pra ser feliz, e ai então compartilhar estas realizações com quem amamos.

Demonstrar amor e agir de forma a presentear o outro com algo bom, deve ser conseqüência da felicidade e bem estar que o amor sentido gera em nós, e não elemento do qual o outro dependa pra continuar vivendo.

O amor possui uma força incalculável que se bem usada é capaz de realizar grandes conquistas e gerar bem estar a todos que dele se alimentar, mas não nos esqueçamos que o amor não traz a dor, o que machuca é na realidade a falta de amor ou a ilusão que nos faz tratá-lo de forma materialista, com cobranças e dependências, e não de forma sublime e espiritual.

Que todos sintam o amor singelo que nutre a alma sem apego e gera bem estar independente da atitude do outro, pois somente assim estaremos nos aproximando um milímetro que seja do amor ensinado por Cristo.

Muita Paz!