Muitas vezes nos queixamos de estar só, algumas pessoas ficam bastante entristecidas e chegam a crises profundas de depressão porque se acham sozinhas e abandonadas.
É claro que em casos mais graves como estes é necessária ajuda externa através de terapias, acompanhamentos e até remédios.
Mas no princípio, quando a solidão incomoda, mas não é intensa, podemos e devemos intervir.
A solidão surge quando não nos acolhemos, quando não nos apoiamos, quando não nos bastamos.
Sabemos que evoluímos em conjunto, que os relacionamentos humanos são ferramentas pra essa evolução.
Entretanto, ele se processa individualmente, ou seja, ao cuidarmos de nós e ficarmos melhores como pessoas, automaticamente estaremos gerando ações melhores para com o mundo e os outros e assim colaborando com a evolução do todo.
Assim sendo, devemos estar sempre atentos a quem somos no intimo e procurar nos amar, nos apoiar, sermos nossos próprios amigos e não esperar que as outras pessoas nos dêem seu apoio, compreensão e consideração.
Os outros participam de nossa vida como nós da deles, mas como complemento. A base, a parte elementar para nosso bem estar deve ser nutrido em nós, por nós mesmos.
Quando estamos equilibrados e em paz conosco, nossa alma parece ter tentáculos, assim como um grande polvo.
São terminações que nos possibilitam transitar pela vida, vivendo relacionamentos que contribuem para o nosso caminhar.
Cada tentáculo se liga, sem dependência, ao tentáculo do outro ser e assim há troca de sentimentos, emoções e experiências.
Caso a relação passe a ficar tumultuada e nos fazer mal, o natural é que encolhamos nosso tentáculo para nos resguardar. E assim vamos dançando pela vida, abraçando a todos que passam por nós. Ora envolvendo, ora largando.
Há vários tipos de relacionamentos, em alguns damos apenas um aperto de mão, outros abraçamos forte, muitos só acenamos, e com outros nos entrelaçamos intimamente, mas devemos sempre nos manter livres, sem dependência.
Contudo, para nos mantermos aberto as relações, sem nos aprisionar, devemos estar equilibrados, e para tanto nossa auto estima deve ser cuidada, precisamos nos apoiar, nos amar.
Quando não conseguimos nos sentir, ou seja, sentir a nossa alma, nos amar, ser nosso melhor amigo, ficamos inseguros e começamos a depender do outro para nos apoiar, nos dar amor, enfim nos carregar pela vida.
Nessa situação os tentáculos de nossa alma estão atrofiados, não conseguimos dançar, fluir, pelo mar dos relacionamentos.
Arrastamos-nos e quando encontramos alguém que nos apóie colamos nele e passamos a sugar sua energia, sua consideração, seu amor.
Desta forma, nos tornamos tão dependentes que acreditamos que morreremos sem sua presença. Nesta fase quase sempre estamos fixados há poucas pessoas, dependendo da consideração e aprovação delas para sermos felizes.
E nesta dependência, nos grudamos de tal forma a essas pessoas que não conseguimos fazer contato com mais ninguém.
Deixamos passar experiências importantes para nosso crescimento, e para que estejamos mais nutritivos para nossa vida e nossas relações. Vamos assim, ficando vazios, sem graça, sem atrativos.
Às vezes vivemos uma relação assim, dependente, por anos e se a pessoa em questão também está desta forma, um suprime as necessidades do outro embora seja uma relação sem entusiasmo, sem a verdadeira felicidade, e cheia de cobranças.
Mas quando um dos seres abre os olhos e percebe que pode viver de forma mais intensa. E assim começa a ter mais auto estima, passando a se apoiar e não depender mais da aprovação do outro, normalmente esta pessoa tenta mostrar isto a outra, mas se não for compreendido, se sentirá sufocado e partirá.
Neste momento, é quando a solidão invade. O auto abandono dói, e é preciso reagir.
Mas a reação deve vir de dentro. Abrir os braços, perceber as pessoas a sua volta, mesmos as distantes ou aquelas que simplesmente passam por nós.
É preciso acima de tudo começar a se bastar. Não precisar que o outro lhe dê amor, apoio e carinho. Nós é que devemos nos dar isto. O que vier do outro deve ser um complemento, um presente e não uma obrigação.
Devemos ser uma pessoa nutritiva, uma pessoa que atraia os outros pelo seu jeito apetitoso de ser. Assim as pessoas sentirão prazer em conviver conosco.